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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ideias do Curso de Montanha do Exército

No começo do mês de agosto, nós cadetes, fomos enviados pela Polícia Militar de Minas Gerais com a missão de  realizar um curso no 12 Batalhão de Infantaria do exército brasileiro, o 12 BI. O curso nomeado como “Curso Básico de combatente de Montanha” mexeu com um dos mais célebres medos de várias pessoas, o medo de altura!
Mas o que isso tem haver com Liderança? Sabe aquela idéia de aparência mais óbvia, porém real, que você já deve ter escutado de que “antes de liderar os outros devemos nos auto-liderar”! Pois então, apesar do curso ser muito mais ligado ao militarismo do que a função policial, ele tem algo precioso a ensinar: O auto-conhecimento, a capacidade de gerir o próprio medo, a força para continuar... Características comuns para os militares das forças armadas e o das forças policiais.
Vencer o medo de altura, confiar no colega que segura a corda que será a segurança de sua vida caso ocorra um erro na escalada ou no rapel, caminhar para cumprir uma missão nas alturas mesmo com as pernas tremendo, disciplinar a forma de alimentar-se, correr até a exaustão e criar a convicção de que as poucas horas de sono que lhe resta são necessárias para a repetição de tal sacrifício no dia posterior.

A marcha de volta, iniciada as 2horas da madruga e terminada as 11horas da manhã, subindo e descendo morros intermináveis, carregando pesos incômodos na mochila, com as pernas não respondendo algumas vezes aos esforços, com a mente fraquejando diante das ordens, tendo como companheiros o cansaço, a fome e lindas paisagens, ..., deram-me a idéia de que os maiores inimigos da formação de um caráter de liderança são os próprios vícios do medo, do cansaço, da preguiça, da insegurança... Com esse curso, combinado com vivências e leituras, cheguei a conclusão que em nossa mente há uma luta, uma guerra, enquanto vivemos, entre a racionalidade e esses vícios de sentimentos inferiores. Podemos escolher de forma simples a eleição da vitória da racionalidade, porém o difícil mesmo é fazer-la, em nossa própria mente, tornar-se vitoriosa.
Isso, observando colegas com características de liderança, foi bem observável no curso de montanha.Dentre nós,  os cadetes mais bem equilibrados eram os que menos medo demonstravam, com algumas raras exceções, é claro, estamos nos dando com deduções do comportamento humano.
Creio que o líder é aquele que faz o racional ser o vitorioso em sua mente, independente da circunstancia, por isso suas decisão pessoais são racionais, lógicas e, na maior parte das vezes (quando o racional vence), acertadas.
Como diz o ditado, citado no livro “Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes”, Stephen R. Covey, crie uma Idéia, da Idéia faça um feito, de vários feitos faça um hábito, de um hábito bem solidificado construa um caráter e deste colha um destino. O problema principal neste caminho entre idéias e destinos,  é o medo, e os outros vícios, que agem no feito, impedindo-o que seja realizado ou repetido até criar um hábito. Sendo que a liderança deve ser um caráter que se origina de feitos,  trabalhar as vitórias interiores contra o medo é um dos primeiros passos para se tornar alguém melhor.

Escrito por Adalberto, CAD PMMG.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MOTIVAÇÃO

Motivação: o desafio de liderar equipes com pessoas desinteressadas
Por Felipe Suzin
O integrante desinteressado ou permanentemente desmotivado é um desafio comum nas organizações voluntárias e sem fins lucrativos, mas também está presente nas empresas, na sala de aula e até no seu grupo de estudos. Como lidar com ele sem removê-lo da equação?
Seria tudo mais fácil se você pudesse clicar com o botão direito na sua equipe, selecionar a opção “Incrementar motivação”, e pronto. Mas a motivação é um processo, não um evento isolado. É conseqüência, e não causa. A sua ausência pode vir de problemas conjunturais, estruturais, de infra-estrutura, de processos, e até mesmo de liderança em si.
Algumas razões comuns para a perda da motivação do membro da equipe são a falta de reconhecimento, de conhecimento dos objetivos da atividade que realiza, de uma perspectiva de progressão no futuro, os processos mal estruturados, a inadequação das métricas às características da equipe, e a inépcia dos superiores hierárquicos.
Desinteressados, mais do que simplesmente estorvos funcionais, são muitas vezes uma criação da própria organização, por intermédio de políticas equivocadas de gestão de pessoas, pressão por metas elevadas sem o correspondente incentivo, ausência de planos de carreira, etc. Estes fatores ajudam a criar um verdadeiro batalhão de problemas que um pouco de planejamento poderia evitar.
Como a maior parte destes problemas pertencem à esfera estratégica da empresa, foquei no trato direto com a equipe, que está mais ao alcance do gestor de nível médio da organização. Mas não esqueça: na próxima reunião com a diretoria, puxe os temas acima citados para a mesa de discussões.
Liderando a equipe: Para liderar com efetividade uma equipe assim, a ferramenta mais útil é o diálogo. Esta é uma ferramenta tão poderosa, que pode promover verdadeiros milagres comportamentais no seu negócio. Mais eficiente que punições, demissões, e o envolvimento emocional das “chamada aos brios”.
·         A raiz do problema. Procure descobrir junto do funcionário qual a sua motivação para o desinteresse. Sim, até para não fazer nada devemos estar motivados de alguma maneira. As causas podem ser as mais diversas, mas ouvi-las e compreendê-las é um passo enorme na resolução do problema. O truque aqui é saber realmente ouvir e refletir, e não se limitar a escutar e depois fazer um discurso motivacional.
·         Agir sobre as causas. Uma vez descobertas as causas, procure saná-las. Lembra das qualidades do líder? Uma delas é remover obstáculos para a equipe. Existem desde a teoria das necessidades de Maslow até a de Extratos de Elliott Jacques para explicar a motivação das pessoas, mas o básico pode ser saber que a forma mais fácil de diagnosticar é observando com atenção e dialogando francamente.
·         Diga a verdade. Não adianta dourar a pílula se o desinteresse do seu subordinado esta atrapalhando o desempenho da equipe ou até mesmo o andamento do trabalho. Diga isto a ele com todas as letras, mas em uma conversa reservada. Nem sempre ele reagirá de forma negativa, desde que você o faça com respeito à sensibilidade de cada um. Você aumenta a chance de não ter problemas com isto se seguiu corretamente o primeiro passo.
·         Comunique bem os objetivos. Reveja a comunicação de seus objetivos. Muitas vezes o desinteresse é resultado direto da falta de comunicação clara dos objetivos da empresa ou da equipe. Em muitos casos, além dos objetivos não estarem claros, os incentivos também não estão, ou seja, os desinteressados não fazem além do mínimo necessário porque não percebem a razão de fazer mais, e nem o incentivo para que o façam, as duas chaves para o interesse.
·         Inspire a equipe. Ouça a si mesmo. Perceba o que faz com que você esteja interessado. Falar com as pessoas armado de um interesse sincero muitas vezes faz com que elas partilhem da sua motivação. Um líder muitas vezes tem um pouco desta característica inspiradora que genuinamente move os outros a segui-lo, principalmente quando eles percebem que dividindo o sacrifício com você, também partilharão da vitória no final.
Dirigentes preocupados exclusivamente com o curto prazo recorrem a instrumentos adicionais, como oferecer premiações fantásticas, estimular a competição dentro da equipe, ou simplesmente ameaçar com demissões ou perda de benefícios. Nada garante que estas soluções comuns e imediatas não sejam mais eficientes em sua organização a curto prazo, mas elas não motivam de verdade, apenas empurram o problema para a frente.
                                                                                                                  Fonte: www.lideraoline.com

domingo, 25 de setembro de 2011

Até que ponto o líder é amigo?




 Líder: gestor ou amigo?   

Por Claudiney Fullmann

Quando uma pessoa é levada à condição de líder, várias circunstâncias podem impactar seu desempenho e o de sua equipe. Nesse momento, bons questionamentos ajudam a entender o que acontece, como: “Por que alguém se tornou chefe?”, “Seu antecessor se aposentou ou saiu da empresa?”, “Os negócios ampliaram e a empresa criou nova vaga?”, “Houve promoção interna ou recrutamento externo?”.
Em quaisquer casos, a empresa espera que o novo ocupante da posição – não importa se é supervisor, gerente ou diretor – seja responsável por obter resultados e compartilhe os valores da empresa, basilares da cultura existente ou pretendida.
Normalmente, é atribuída a esse líder uma autoridade compatível com a responsabilidade cobrada. Começa então um novo ciclo histórico: novo chefe; novas características; novas metas; novos conhecimentos, habilidades e atitudes; novos desafios e novas expectativas, tanto da empresa quanto do ocupante da vaga e das equipes de parceiros e liderados. Mesmo os já conhecidos de casa passam a usar um novo chapéu. São cobrados e cobradores simultaneamente, mudando sua rotina.
Amizade – Acredito que os casos mais complicados são os daqueles promovidos internamente. Antes da divulgação do novo papel, eles tinham o mesmo nível dos colegas de trabalho, muitos amigos pessoais, alguns até com laços familiares, e compartilhavam dos mesmos problemas e birras com o chefe. De repente, mudam as regras – de pedra vira vidraça – e de colega passa a chefe. Como fica a amizade?
Lembro-me de um filme de guerra, do qual, embora não tenha retido o nome, fixei na mente a cena: dois militares da mesma patente estavam nos acentos frontais de um jipe quando o carona recebeu um comunicado pelo rádio, dando-lhe a notícia de que passaria a ser o comandante daquele regimento. Logo a seguir, ele pediu para seu colega parar o jipe, desceu e foi se sentar no banco traseiro, passando a dar ordens ao motorista. A atitude foi típica de marcar a posição de autoridade recém-assumida.
Isso não significa que a amizade tenha sido rompida, mas sim ajustada à nova realidade. Normalmente, quem abusa da velha amizade é o liderado, que se acha no direito de ter privilégios em relação aos demais, criando constrangimento até para o “chefe amigo”. Talvez, esse nunca tenha sido amigo de fato. É da boca para fora, não é “a coisa pra se guardar no fundo do peito”, como diz o poeta.
Mudanças – Para não haver conflito entre subordinação e amizade, há de se entender que novas regras de relacionamento passem a existir. A autoridade deve ser respeitada e até valorizada perante os demais colegas. O sucesso de um amigo é também o nosso.
Lamentavelmente, quando há uma movimentação interna, alguns que desfrutavam de posições semelhantes, ao verem um colega ser promovido, ficam enraivecidos pela inveja e se frustram ao se questionarem: “Por que essa pessoa e não eu?” ou “O que ela tem de melhor do que eu?”. Uma das primeiras providências do novo líder é “ajustar os ponteiros” com esse liderado. Já vi casos em que o desgostoso foi “florescer em outro ambiente”. Aliás, esse é um dos cuidados que a empresa deve ter quando promove um dos amigos inseparáveis ou, até mesmo, cônjuges, principalmente quando a esposa passa a ser chefe do marido.

Muitas coisas mudam. O círculo de tomadores de decisão é diferente do operacional, por mais transparente que seja a cultura da empresa. Certos sigilos estratégicos não podem ser compartilhados, com risco de vazamento de informações, até mesmo com boas intenções.
Imparcialidade – Como gestor, o líder tem de manter o equilíbrio entre os resultados globais da empresa e os resultados e harmonia da equipe. É essencial mantê-la motivada, desafiada e orientada. Ser amigo e conselheiro ajuda os membros a se desempenharem melhor, mas não pode haver “apadrinhamento” de ninguém, sob pena de ser boicotado pelos que se sentirem preteridos por não serem “amiguinhos do chefe”.
Assim como não deve discriminar ninguém, o líder também tem de aprender a trabalhar com a diversidade na equipe, privilegiando a competência e, talvez, principalmente dos amigos. Não é tratar todo mundo igual, pois pessoas são diferentes e requerem atenções diferenciadas. Saber se manter coerente e justo com todos, ser firme e proativo requer decisões difíceis, nem sempre amistosas e populares.
Em dinâmicas de motivação de equipes, uso a música Amigos para sempre, relembrando que um bom amigo respeita a autoridade do outro, contribuindo para o seu sucesso. Simultaneamente, um líder motivador também precisa estar sempre motivado para poder motivar os outros. Ele deve possuir uma força interior capaz de suportar os desafios próprios enquanto auxilia e desafia sua equipe, ter mãos de aço com luvas de veludo (ser rígido e sensível), ser resiliente ao estresse e manter o humor mesmo nas condições mais traumáticas. Encontrar esperança quando muitos já desistiram não é uma tarefa fácil, principalmente nos primeiros meses de comando, quando não existe um mentor ou coach ao seu lado.
Na nova realidade, obter resultados e ter sensibilidade para lidar com as pessoas pressupõe gestão de negócios e liderança efetivas. Para os que foram recrutados externamente, os princípios são os mesmos: seja amigo de sua equipe, mas cobre resultados.
Delegação – Para que o líder possa gerenciar o todo de maneira produtiva e, até mesmo, superar as metas desafiadoras a fim de ampliar os resultados, é fundamental a delegação. Para tal, ele precisa ter muito claro dois parâmetros:
1.    O que delegar?
2.    Para quem delegar?
Lembre-se sempre de que a responsabilidade final não se delega. Portanto, dê liberdade de ação, mas exija feedback constante do delegado sobre o que foi feito, quando e por que uma decisão foi tomada.
Na escolha do delegado, a confiança é indispensável. Nesse caso, a amizade pode ser um bom auxiliar. Quase sempre conhecemos os defeitos de um amigo, mas demoramos um pouco mais para identificar os de um desconhecido. Entretanto, sempre fique vigilante.
Prefiro os que avaliam, decidem, implantam, comunicam o que fizeram e assumam as consequências. Aprendi na vida que é mais fácil obter o perdão do que a permissão. Gosto dos que assumem riscos. Eles podem até errar, desde que acertem mais do que errem. Cuidado, entretanto, com os incompetentes motivados.
Motivação – De todas as maneiras, dedique tempo para capacitar sua equipe, para conhecer bem cada um de seus membros e treiná-los nos pontos com potencial de melhoria. Prepare-se a fim de ter gente para delegar! Um bom líder precisa ter um ponto de vista educativo para tirar lições dos sucessos e fracassos. Um líder sempre preocupado com a evolução de seu pessoal é mais que um amigo.
Motivar as pessoas com amizade sincera e monitorar resultados audaciosos, cobrando desempenhos superiores, mantém a garra de todos, aflora um sentimento de pertencer a algo e alivia a carga dos grandes desafios. Quando não se consegue o esperado, é preciso ter serenidade para avaliar onde houve a falha, identificar a causa-raiz, considerar ações preventivas que evitem reincidência e recuperar a motivação.

Procure compartilhar constantemente as alegrias do sucesso e os méritos da vitória. A amizade será espontânea e sem ansiedade e sentimentos de culpa por parte de ninguém.
                                   
                                                                                                                         Fonte: www.lideraonline.com.br



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MENSAGEM A GARCIA


Mensagem a Garcia

Elbert Hubbard – fevereiro de 1899

Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava aos americanos era comunicar-se, rapidamente, com o chefe dos revoltosos – chamado Garcia - que se encontrava em uma fortaleza desconhecida, no interior do sertão cubano. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente precisava de sua colaboração, e isso o quanto antes. Que fazer? Alguém lembrou: "Há um homem chamado Rowan... e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, esta pessoa é Rowan”.
Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. Não vêm ao caso narrar aqui como esse homem tomou a carta, guardou-a num invólucro impermeável, amarrou a ao peito e, após quatro dias, saltou de um pequeno barco, alta noite, nas costas de Cuba; ou como se embrenhou no sertão para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil, e entregue a carta a Garcia. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinley deu a Rowan uma carta destinada a Garcia; Rowan tomou-a e nem sequer perguntou: "Onde é que ele está?”.
Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é só de sabedoria que a juventude precisa... Nem de instruções sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência; para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia. O General Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar adiante uma tarefa em que a ajuda de muitos se torne precisa tem sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a passividade de grande número de pessoas ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada tarefa... e fazê-la. A regra geral é: assistência regular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho malfeito.
Ninguém pode ser verdadeiramente bem-sucedido, exceto se lançar mão de todos os meios ao seu alcance, para obrigar outras pessoas a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre enviando-lhe, como auxiliar, um anjo de luz. Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Está sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: "Queria ter a bondade de consultar a enciclopédia e de fazer a descrição resumida da vida de Corrégio".
Dar-se-á o caso de o empregado dizer, calmamente: - "Sim, senhor" e executar o que lhe pediste? Nada disso! Olhar-te-á admirado para fazer uma ou algumas das seguintes perguntas:
- Quem é Corrégio?
- Que enciclopédia?
- Onde está a enciclopédia?
- Fui contratado para fazer isso?
- E se Carlos o fizesse?
- Esse sujeito já morreu?
- Precisa disso com urgência?
- Não seria melhor eu trazer o livro para o Senhor procurar?
- Para que quer saber isso?
Eu aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas e explicado a maneira de procurar os dados pedidos, e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir
a um companheiro que o ajude a encontrar Corrégio e depois voltará para te dizer que tal homem nunca existiu. Evidentemente pode ser que eu perca a aposta, mas, seguindo uma regra geral, jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu "ajudante" que Corrégio se escreve com "C" e não com "K", mas limitar-te-á a dizer calmamente, esboçando o melhor sorriso: - "Não faz mal... não se incomode". É essa dificuldade de atuar independentemente, essa fraqueza de vontade, essa falta de disposição de, solicitamente, se por em campo e agir, é isso o que impede o avanço da humanidade, fazendo-o recuar para um futuro bastante remoto. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado de seu esforço resultar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam ser dirigidos.
O que mantém muitos empregados no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido ou transferido no fim do mês. Anuncia-se precisar de um taquígrafo e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar, e - o que é pior - pensa não ser necessário sabê-lo.
– "Olhe aquele funcionário - dizia o chefe de uma grande fábrica. É um excelente funcionário. Contudo, se eu lhe perguntasse por que seu trabalho é necessário ou por que é feito dessa maneira e não de outra, ele seria incapaz de me responder. Nunca deve ter pensado nisso.
Faz apenas aquilo que lhe ensinaram, há mais de 3 anos, e nem um pouco a mais".
"Será possível confiar-se a tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?”.
Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária para dirigir um negócio próprio e que ainda se torna completamente nulo para qualquer outra pessoa devido à suspeita que constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada a mensagem a Garcia retrucaria, provavelmente:
- "Leve-a você mesmo!". Hoje esse homem perambula errante, pelas ruas em busca de trabalho, em estado quase de miséria. No entanto, ninguém se aventura a dar-lhe trabalho porque é uma personificação do descontentamento e do espírito da discórdia. Não aceitando qualquer conselho ou advertência, a única coisa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota 44, sola grossa e bico largo.
Pautemos nossa conduta por aqueles homens, dirigente ou dirigida, que realmente se esforçam por realizar o seu trabalho. Aqueles cujos cabelos ficam mais cedo envelhecidos na incessante luta que estão desempenhando contra a indiferença e a ingratidão, justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.
Estarei pintando o quadro com cores por demais escuras?
Não há excelência na nobreza de si mesmo; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os ricos são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.
Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha, fazendo o que deve ser feito, melhorando o que pode ser melhorado, ajudando sem exigir ajuda. É o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, toma a missiva e, sem a intenção de jogá-la na primeira sarjeta, entrega-a ao destinatário. Esse homem nunca ficará "encostado", nem pedirá que lhe façam favores.
A civilização busca ansiosamente, insistentemente, homens nessa condição. Tudo que tal homem pedir, se lhe há de conceder. Precisa-se dele em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso:

“PRECISA-SE - E PRECISA-SE COM URGÊNCIA - DE UM HOMEM CAPAZ DE LEVAR UMA MENSAGEM A GARCIA”.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem_a_Garcia

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Liderança Militar: analogia de ideias

Por: Adalberto
Cadete da Polícia Militar de Minas Gerais
Bacharel em Ciências Sociais pela UFSCar

Nestes dias, como um aficionado pela etologia dos antropóides, ou seja, estudo do comportamento dos grandes primatas (Chimpanzé, Gorilas, Bonobos e Orangotangos), fui assistir no cinema a célebre e conhecida ficção científica “O planeta dos macacos – a origem”. Além de ser rico em detalhes do comportamento destes animais, um outro aspecto, presente na vida selvagem desses animais, porém muito mais desenvolvida e complexa na vida humana, aparece: A liderança! Logo me perguntei, após o filme: O modo como o chimpanzé personagem central, César, aos poucos abandona um aspecto inocente para ir tornando-se um líder frio e agressivo dos outros macacos, é ficção ou um caminho lógico das lideranças?
Buscando as resposta encontrei uma enxurrada de produtos que prometem caminhos fáceis para fazer gente frustrada tornar-se líder.
31 descobertas sobre a liderança”, “O monge e o executivo”, “Jesus, o maior líder de todos os tempos” e etc, são exemplos da exploração do tema. Lixo, baboseiras, ideias de aproveitadores, muitas delas enfeitadas com delírios de bondade, eis a características de muitos destes materiais. Porém, é claro que há vários que são ditos sérios em suas hipóteses. Entre eles podemos citar “A arte da Guerra”, “21 leis irrefutáveis da Liderança” e outros diversos. Contudo, resumindo, esses diversos materiais sérios elegem duas características imprescindível: O líder está em sintonia com seu tempo e seu meio, e sua história de vida desde a mais tenra idade já demonstra a característica de liderança. Será mesmo?
Voltando então a nossa pergunta inicial, relacionada com tipo de liderança do filme “O planeta dos macacos – a origem”, é possível alguém que nunca demonstrou desde o começo da vida características de liderança tornar-se líder? Parece que não, se considerarmos o que dizem as grandes literaturas da área. Infelizmente esse é o caminho mesmo, e sinto então que frustrei-te, caro leitor, em sua busca desesperada para ser líder, uma vez que sua história de vida não demonstra nenhuma característica dita de liderança e você se posiciona nas mais baixas classificações da confiança e do poder. Se você parar de ler aqui, é provável que troque os livros de auto-ajuda de liderança para o degrau abaixo, os livros de auto-ajuda para não cair em depressão. Mas calma, paciência.
Se analisarmos muitos líderes de forma fria e científica, descobriremos coisas interessantes, mas que não poderemos generalizar em leis ou mesmo descobertas. Lembro-me que uma série interessante sobre os Grandes Homens do Século XX, que reúne escritos de investigações sobre a vida destes personagens, chamada “Pró e Contra”, publicou sobre três personalidades. Três livros que descrevem três crianças, líderes do século XX, antes de tornarem-se homens famosos.
A primeira criança vivia na fazenda de seu pai, integrada à natureza, vagando entre os animais e escutando as conversas do pai com os outros fazendeiros. Uma infância mais ligada à presença de animais, bois, vacas, galinha e etc, do que no emaranhado de uma vida urbana. Contudo, as poucas conversas sobre política de seu pai com outros fazendeiros ele escutava com atenção, pois era a única coisa divertida num tempo que não havia rádio e não se sonhava com a existência da TV em massa. O menino desenvolveu-se, foi para a cidade estudar, surpreendentemente, apesar de sua infância solitária no campo, tornou-se mestre na habilidade de observação social. Foi capaz então de conduzir, de forma sedutora, toda sua sociedade à uma ditadura altamente controladora.
A segunda criança era alguém de uma sensibilidade incrível. De uma infância marcada pela dicotomia quase excessiva entre uma mãe excessivamente amorosa e um pai autoritário, emergiu nas três primeiras décadas da vida uma pessoa sensível, descrita como tímida e briguenta pelos colegas de escola. Foi marcado por tragédias como a morte dos próprios pais. Primeiro o Pai, vítima de um acidente, e depois a mãe, falecida por alguma doença. Tornou-se errante, chegando a dormir durante um bom tempo em abrigo para mendigos. Após os 30 anos venceu a timidez através da convicção de algumas ideias que formou durante os anos em que, como um quase indigente, onde não era levado a sério, sobreviveu. Tornou-se ditador de seu país, porém sua sensibilidade continuava em sua personalidade: Não gostava de flores penduradas em seu gabinete por que “apesar de belas, as plantas sofriam para ceder aquele pedaço morto de flor”, odiava também a tortura de animais, propôs e lutou para acabar com a cultura contra animais em circo.
A terceira criança era filho de um sapateiro, tinha características fortes, as vezes puxando para próximo de uma personalidade fria e calculista, outras vezes demonstrando insensibilidade e sadismo no trato com animais, torturava-os por prazer. Desenvolveu-se desta criança um jovem contestador, que chegou a ser preso na participação de uma tentativa de dar um golpe de estado. De uma ideologia com ideias de justiça social ele arrastou todos, enquanto acreditavam estar marchando para a paz, a uma ditadura cruel e sanguinolenta. Milhões morreram no esforço para fazer deste país o mais poderoso de todos, além de outras vítimas que eram apenas consideradas indesejáveis. Sua frieza continuava na perseguição de seus opositores diante do que sempre pensava “os que estão contra mim, estão contra uma ideia.”
Três crianças que partiram de pontos diferentes, com histórias de vida diferente, mas que chegaram ao poder e liderança de suas sociedades. É claro que ditadores parecem exemplos repugnantes de liderança, mas como havia dito “analisando friamente”. O que importa aqui não é a bondade ou maldade e sim a capacidade de mobilizar seus semelhantes para um objetivo, mesmo que seja concentrar poder de forma egoísta.
As três crianças não eram especiais, não nasceram iluminadas, uma delas teve início de vida no campo (uma virtual desvantagem, pois diriam os analistas que os primeiros relacionamentos de uma vida formam os neurônios da habilidade social e que crianças do campo não possuem relacionamentos em quantidade e qualidade tal que não permite o aprendizado da liderança e blablablá), outra tinha se transformado até os 30 anos em um quase indigente, sem posses, não levado a sério e frustrado.
Contudo, uma coisa parece ser inerente aos três, juntamente com outros líderes, não passaram a vida pesquisando o que é liderança. Não almejaram tal condição de início, nem se quer pensavam ser suas personalidades próximas ou afastadas do padrão de liderança, apenas formaram alguma convicção em algum momento da vida, mesmo que seja do mau ou do bem, e dedicaram-se ao ponto de chegarem a ideia de que tinham a obrigação de tomar a frente. Da mesma forma ocorre na ficção do filme “o planeta dos macacos – a origem”.
Se você que está lendo deseja algum dia assumir posição de liderança, mesmo que não tenha os chamados traços e perfil, entre no paradigma: Abandone a procura pelo que é liderança, para algum dia liderar. Como prova disso, é mais do que básico a percepção que a grande parte destes autores sobre liderança não foram realmente líderes, chegando ao máximo, o que apresentam como algo grandioso em seus currículos, a cargos de chefia em administração ou áreas correlatas. É muito fácil criar um ambiente feliz quando você é colocado em um posto oficial acima dos outros. O que é difícil mesmo é partir de baixo, segurar seus impulsos quando não lhe cabe a voz, subir nos degraus sociais, para só dali gritar uma nova ideia.
Ah, sobre quem eram as crianças descritas: A primeira, Getúlio Vargas. Ditador brasileiro, conhecido como hábil negociador entre as diferentes elites da época e defensor dos direitos dos trabalhadores. Foi o pai da industrialização e modernização do estado brasileiro de então, mesmo com a resistência que se tinha à época à essa mesma industrialização por parte das elites. A segunda criança foi Adolf Hitler, ditador alemão responsável pela morte de milhões de pessoas. Apesar de sua vida sofrida, de uma personalidade de início sensível e de uma trajetória controvérsia, sacrificou princípios éticos para tornar-se um dos maiores líderes criminosos do século XX. A terceira criança, foi Stalin. Ditador Soviético que, para alguns ideólogos, distorceu os ideários de igualdade e através de manipulação.