Lições de "A Arte da
Guerra" - Liderança
Por Evandro Costa de Oliveira
Não é a
Bíblia falando, mas sabedoria que proveio do oriente, dos antigos chineses, no
livro A Arte da Guerra; o livro todo é incrível, lembra muito Provérbios de
Salomão; se você o ler, usando um livro de comentários sobre o A Arte da
Guerra - estou usando o "Dominando a Arte da Guerra, Liu Ji e Zhuge Liang"
- verá que é simplesmente extraordinário, as lições de tais, principalmente em
colocá-las em prática na sua vida, especialmente quanto a questão de
"liderança", "trabalho em grupo".
Liu Ji disse:
O que
fará os soldados em batalha preferirem avançar a recuar, mesmo que seja pela
sobrevivência, será a benevolência da liderança militar. Quando os soldados
sabem que seus líderes cuidam deles como cuidariam de seus próprios filhos,
eles amam os seus líderes como amam seus próprios pais. Isso faz com que queiram
morrer na batalha, para recompensar a benevolência de seus líderes.
A regra
é: "Respeite seus soldados como amados e eles, de boa vontade, morrerão
com você." (Sun Tzu, A Arte da Guerra, "Terreno")
Não sei se percebeu - apesar de ser bem claro - aqui há um conselho básico para uma devida liderança: "Conquistar seus companheiros." Para isso, você não precisa ser dotado de um carisma especial, o livro nos apresenta alguns personagens que até mesmo mal falavam, mas que eram grandes comandantes. Mas sim você tem que revestir-se de benevolência, tratá-los como se fossem seus próprios filhos, isso não quer dizer mimá-los, mas amar como um pai ama um filho e luta para desenvolver o melhor nele.
Dessa
forma, você conquista o respeito e a confiança da pessoa. E até mais, o verso
diz, que a pessoa busca de algum modo querer recompensar. O que isso quer
dizer? Quer dizer, que ele passa a ter atitude, em demonstrar sua consideração
e valor pela sua liderança.
Na página
92, do Dominando A Arte da Guerra, há uma ilustração muito boa:
Durante a era dos Estados Antagônicos, quando o general Wu Qi, de Wei, era o governador militar do Rio Oeste, ele usou as mesmas roupas e comeu o mesmo alimento do mais inferior de seus soldados. Não usava uma esteira para se sentar e não cavalgava ao viajar. Ele, pessoalmente, carregava as próprias provisões e compartilhava do trabalho pesado e das necessidades dos soldados.
Certa
vez, quando um dos soldados sofria por conta de uma ferida supurada no braço, o
próprio general sugou para fora o pus.
Quando a
mãe do soldado ouviu falar disso, começou a se lamentar.
Alguém
disse a ela: "O seu filho é um soldado; contudo, o próprio general sugou o
pus da ferida dele - o que há para se lamentar?".
A mulher
disse: "No ano passado, o general Wu fez a mesma coisa pelo meu marido e,
meu marido lutou na batalha sem dar nenhum passo atrás, finalmente morrendo nas
mãos do inimigo. Agora que o general tratou do meu filho do mesmo modo, não
tenho ideia de onde ele morrerá. É por isso que estou me lamentando".
Foi
porque Wu Qi era tão rigoroso consigo mesmo e tão imparcial em relação aos
outros e porque ganhara o coração de seus soldados que um Senhor de Wei o
mantinha como governador militar de Rio Oeste. Wu Qi lutou 76 grandes batalhas
contra senhores de outros estados antagônicos e obteve completa vitória 64
vezes.
Repare bem nessa história. Veja qual foi a atitude do general. Ele não ficava se elevando, usando de luxuria, se fazendo de nobre, de topo social. Mas ele, convivia e se identificava com "o mais inferior de seus soldados". Se você quer liderar, não fica se enchendo de privilégios, entre outros, nos quais se forma um abismo entre você e seus subordinados, mas antes, trate-os, conviva com eles como se fossem seus irmãos. Não se poupe pelo próximo, pelos seus companheiros, pela sua equipe, mas antes tome um tiro por eles, e certamente ele te cobrirá até o quando for velho.
Seja:
1.
rigoroso consigo mesmo
2.
imparcial com relação aos outros
3. ganhe
o coração de seus soldados
Esses são
os segredos que Wu Qi nos ensina.
.....
Autoridade
Liu Ji
disse:
Quando
soldados em batalha avançarem e não ousarem recuar, isso significa que temem
seus próprios líderes mais do que o inimigo. Se recuar e não ousarem avançar,
isso significa que temem mais o inimigo do que seus próprios líderes. Quando um
general consegue que suas tropas mergulhem direto no meio do combate furioso, é
a sua autoridade e austeridade que trazem isso à tona.
A regra
é: "Ser temido e ainda precavido produz um bom equilíbrio"
("Diálogos de Li, Senhor de Wei").
É meio forte isso, e veja como é algo universal. Pense por exemplo na vida espiritual. As suas ações refletem uma atitude que é: "qual lado você preferiu", "qual lado você escolheu". NÃO HÁ EM CIMA DO MURO. Quando você exita em atender um lado, automaticamente quer dizer que você teme o inimigo mais do que seu líder. Poderíamos abordar e fazer um incrível sermão aqui, quanto a questão do soldado nisso: "A quem você teme?" Contudo, a questão aqui é a liderança.
Uma coisa que o livro A Arte da Guerra deixa bem claro é que a liderança deve ser respeitada e temida. Temida não porque os soldados não confiam nela, e tem medo que tal faça merda, pelo contrário; Temida não porque a liderança é cruel, malvada, pelo contrário. Mas sim temida, porque possui autoridade, mantém a palavra e é exemplar quanto a RECOMPENSA. O livro aborda muito a questão da RECOMPENSA, o líder deve ser justo. Dar prêmios e condecorações aos que merecerem, ao mesmo tempo em que até mesmo castigo, repreensões, ou execuções aos que merecerem tais. Veja uma ilustração que aborda o livro, de um fato que ocorreu:
Diz que no meio de uma guerra, um homem aristocrata orgulhoso e arrogante passou a ser o supervisor do exército, pois o general Rangju não havia conquista e não possuía confiança de suas tropas, então tal homem seria seu intermediário entre o comando das tropas. Só que chegou certo dia, num período conturbado, e o supervisor não chegou ao quartel; Rangju reuniu as tropas e informou-os sobre o acordo com o novo supervisor.
À tarde,
o nobre finalmente chegou. Rangju perguntou-lhe: "Por que está
atrasado?"
-
"Meus parentes, que são nobres, deram-me uma festa de despedida. Assim,
fiquei por isso."
Rangju disse:
"No dia em que um líder militar recebe suas ordens, ele esquece o seu lar.
Quando uma promessa é feita em face da batalha, ele esquece sua família. Quando
soam os tambores de guerra, esquece seu próprio corpo. Agora, estados hostis
invadiram nosso território; o estado está em tumulto; os soldados estão
expostos nas fronteiras; o senhor não consegue descansar em paz ou desfrutar de
sua comida. As vidas de todo o povo dependem de você - como pode falar em
festas de despedida?".
Rangju,
então, chamou o oficial responsável pela disciplina militar e perguntou-lhe:
"Segundo a lei militar, o que acontece com alguém que chega depois da hora
indicada?"
O
funcionário respondeu: "Supõe-se que seja decapitado".
E ele foi
morto. Todos os soldados ficaram tementes ao seu líder. Viram que era um homem
de palavra, exemplar e justo.
Finalmente,
o senhor enviou um emissário com uma carta perdoando o nobre, que era, antes de
tudo, o novo supervisor do exército. O emissário galopou direto para o
acampamento com a mensagem do senhor.
Rangju
disse: "Quando um general está em campo, há ordens do regente que ele não
acata".
Também
disse ao oficial da disciplina: "Há uma regra de que não deve haver
galopes pelo acampamento. Contudo, agora, o emissário fez justamento isso. O
que deve ser feito com ele?".
O oficial
disse: "Ele deve ser executado".
O
emissário estava petrificado, mas Rangju disse: "Não é apropriado matar um
emissário do regente", e executou dois acompanhantes do emissário no lugar
dele. Isso também foi anunciado ao exército.
Rangju
enviou o emissário de volta para relatar isso ao senhor e, então, partiu com o
exército. Quando os soldados acamparam, o próprio Rangju supervisou a
perfuração dos poços, a construção dos fornos, a preparação da comida e da
bebida e o cuidado com os doentes. Compartilhou com os soldados todos os
suprimentos da liderança, comendo as mesmas rações que eles. Foi especialmente
gentil com os fatigados e os enfraquecidos.
Depois de
três dias, Rangju chamou as tropas à ordem. Mesmo aqueles que estavam doentes
quiseram cooperar, ansiosos para entrar em batalha por Rangju. Quando os
exércitos de in e Yan ouviram falar disso, retiraram-se do estado de Qi. Ranhju
fez com que suas tropas os caçassem e golpeassem. Finalmente, recuperou o
território perdido e retornou com o exército vitorioso.
Veja como é que ele conseguiu a vitória. Os inimigos fugiram só de saber do comportamento das tropas de Rangju. Imagine você querer encarar um exército, em que até os doentes fazem questão de lutarem, ansiosos para entrar em batalha pelo seu líder. Isso é de fazer as pernas deles tremerem. Parece muito com a história de El Cid, um grande conquistador ali do período das Cruzadas. Onde todos o temiam, todos os europeus, os soldados da Igreja e dos reinados, assim como os muçulmanos. Todos quiseram destruí-lo, mas ninguém conseguiu. Todos o temiam, pessoas passaram a segui-lo voluntariamente por temê-lo. Fortalezas se renderam a ele, sem uma única resistência, só por temer sua fama.
Seja exemplar, seja um líder exemplar, de palavra, imparcial, que cumpri as leis, as normas, o código, o manual. Sendo exemplar tanto na punição quanto na recompensa e nos prêmios. E terá soldados que lhe seguem, temendo e respeitando sua liderança. Lembro do filme "300 de Esparta", assista aquele filme; Leonidas liderando 300 homens contra mais de 1 milhão de inimigos; mas por quem tais homens lutavam? A quem temiam? Eles não exitavam nem mesmo num único olhar de medo. Eis um outro principio de liderança.
E gostaria de terminar essa reflexão - pois se fosse comentar cada trecho impressionante do livro, eu acabaria publicando uma enciclopédia, pois é incrível mesmo; você lê uma página para e fica refletindo e fazendo analogias e como aplicá-las na vida... tanto é que isso faz do livro uma leitura que não rende, estou lendo há 9 meses esse livro que não é grande, e ainda faltam 50 páginas, por isso - com um comentário do "Dominando A Arte da Guerra", na página 95:
A regra é: "Onde há prêmios importantes, eles são homens valentes" ("As Três Estratégias", também em "Seis Segredos").
Isso nos faz tocar quanto a questão da recompensa. Quer ter funcionários valentes seja justo na recompensa, dando-lhe prêmios importantes. Entre outras áreas da vida. Principalmente para as pessoas não muito idealistas e mais materialistas é necessário recompensá-los com algo pelo qual vale a pena lutar. Por exemplo, veja no filme "Cruzadas", onde todos os moradores de Jerusalém são convocados a defender a sua cidade, e por quê? Qual recompensa? Qual o prêmio? A garantia que o povo, eles e suas famílias - mulheres e filhos - não seriam mortos pelo inimigo, mas conseguiriam livrar-se deles em liberdade e segurança. E todos deram o sangue, resistiram. Até que forçou o líder dos muçulmanos a fazer esse acordo.
Uma outra boa analogia seria quanto a "vida eterna"; mas não queria que esse fosse o foco dessa reflexão; mas algo mais voltado quanto a liderança mesmo.
Fonte: Disponível em: http://ociokako.blogspot.com.br/2008/02/lies-de-arte-da-guerra liderana.html. Acesso em: 08/09/12.